Dando continuidade ao projeto de conscientização do público em relação às notícias sobre a pandemia, o Comitê Estratégico de Comunicação (COMEC) destacou mais uma série de notícias falsas que têm se espalhado nas redes sociais pelo Brasil.
O objetivo desta ação é fazer, com base em dados científicos e números oficiais, com que os cuidados continuem sendo tomados e não haja um relaxamento por parte da população.
Desinformação fez da máscara ‘vilã’ após países adotarem uso contra Covid-19
Foto: Agência Lupa/Divulgação
Em apenas dois meses, posts compartilhados nas redes sociais transformaram as máscaras em “vilãs” da pandemia de Covid-19. A partir de abril – quando vários países, incluindo o Brasil, passaram a recomendar que todas as pessoas colocassem máscaras ao sair às ruas, para evitar contaminação pelo novo coronavírus –, multiplicaram-se as publicações com acusações falsas sobre os supostos danos à saúde causados por esse tipo de proteção.
Desde o início da pandemia até 15 de junho, plataformas de checagem de 47 países publicaram 254 verificações que citavam de alguma maneira esse equipamento de proteção. A concentração dessas checagens foi maior nos Estados Unidos (37), Espanha (26), Brasil (19), Índia (19), França (16), Taiwan (15), Alemanha (11) e Itália (11). Entre janeiro e março, predominaram nas redes sociais os posts sobre recomendações de uso e problemas de logística, como a indisponibilidade das máscaras em alguns países. Foram 59 textos sobre os dois temas em 79 checagens.
A partir de abril, no entanto, essa tendência sofreu uma mudança radical. Antes praticamente inexistentes, publicações acusando as máscaras de serem perigosas tornaram-se maioria entre os conteúdos checados, somando 92 dos 175 posts publicados no período, ou 52,5% do total. Houve apenas 24 textos verificados sobre recomendações de uso e questões de logística entre 1º de abril e 10 de junho, equivalentes a apenas 13,7% de todo o material desse tipo analisado pelas plataformas de checagem.
A maior parte dos posts negativos (41) acusa as máscaras de causar dois tipos de problemas respiratórios. O primeiro deles, a hipóxia, consiste em um quadro clínico de baixa concentração de oxigênio no sangue, que impede o funcionamento adequado do corpo. Isso ocorreria com o uso prolongado da proteção, porque essa barreira impediria o dióxido de carbono (CO2), resultante da respiração, de escapar, sendo inspirado novamente pela pessoa. Isso provocaria ainda uma segunda condição médica, a hipercapnia – uma concentração elevada de dióxido de carbono no sangue.
Especialistas de diferentes partes do mundo desmentiram essas alegações. Todas as máscaras são porosas – ou seja, nenhuma delas funciona como uma barreira de vedação aos gases, mas bloqueia as partículas levadas por eles. Logo, o CO2 expirado retorna para o meio ambiente. A pessoa que está com o equipamento também inspira o oxigênio que está do lado de fora da proteção. Nas máscaras caseiras, a vedação é bem menor do que a das versões cirúrgicas. Mesmo equipamentos de uso profissional, como a N95, filtram somente a entrada de micropartículas no corpo, sem impedir as trocas de oxigênio e dióxido de carbono.
Para acessar o conteúdo completo do conteúdo sobre as máscaras de proteção, acesse: Agência Lupa
Foto: Agência Lupa
É falsa a informação que a Secretaria de Saúde de Pernambuco distribuiu caixas de álcool em gel com areia para hospitais. Uma publicação nas redes sociais faz a suposta denúncia, na qual areia estaria sendo utilizada para que as embalagens ficassem mais pesadas.
São várias mentiras aí. Primeiro, o material que acompanha os frascos de álcool em gel não é areia, mas, sim, vemiculita, O composto é responsável pela prevenção de incêndios.Trata-se de uma medida de segurança adotada por alguns fornecedores, que envolvem o produto inflamável com outro material absorvente.
Também não foi a Secretaria de Saúde do estado a responsável pelo envio do material, mas, sim, o Ministério da Saúde. Além disso, o vídeo sequer foi gravado em Pernambuco, mas no Rio Grande do Norte.
A investigação foi feita por várias agências de checagem, que identificaram também outras variações desse mesmo conteúdo. Confira o material completo: Agência Lupa | G1 – Fato ou Fake | Estadão Verifica
Várias publicações têm circulado com a falsa informação que a gripe H1N1 teria sido originada na China e teria matado mais que a Covid-19.
Popularmente conhecida como gripe suína, a doença teve status de pandemia reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre março de 2009 e agosto de 2010, quando foram registradas 18.449 mortes. Em 12 de junho de 2020, a Covid-19 chegou à marca de 41.162 óbitos apenas no Brasil.
Ou seja, em apenas seis meses, o novo coronavírus causou mais mortes no Brasil do que o H1N1 causou no mundo inteiro em toda a sua pandemia (considerando apenas os casos oficiais de ambas as doenças, desconsiderando a subnotificação). Em termos mundiais, as mortes por Covid-19 chegaram ao impressionante número de 418.294 casos (dados de 12 de junho de 2020).
Outra mentira espalhada nas mensagens é sobre a origem do H1N1. Os primeiros registros da doença, em março de 2009, foram realizados no México. A origem foi confirmada em 2016, em uma publicação realizada pela Faculdade de Medicina Mount Sinai, nos Estados Unidos.
Para conferir a investigação completa, acesse: Agência Lupa | G1 – Fato ou Fake | Estadão Verifica
Foto: Agência Lupa
É falso que o governador de São Paulo, João Dória, assinou um contrato de convênio para o desenvolvimento de vacina contra o novo coronavírus em agosto de 2019.
A peça tenta deturpar uma declaração do governador, realizada no dia 11 de junho, quando afirmou que a parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac se tornou possível por causa da abertura de um escritório comercial em Xangai, em agosto do ano passado.
Na verdade, esse escritório é financiado pela iniciativa privada e tem o objetivo de atrair investidores chineses para o Brasil. Naquele momento, logicamente, não houve nenhuma assinatura relacionada a uma vacina porque o vírus sequer havia sido identificado.
Esta, na verdade, é uma boa notícia. A vacina da Sinovac foi aprovada para testes em humanos em 14 de abril de 2020. Em 10 de junho, foi assinado o contrato com o Instituto Butantan para os testes de imunização serem realizados no Brasil. Existem ainda outras nove vacinas em fase de testes clínicos, incluindo uma desenvolvida pela Universidade de Oxford que também será testada aqui.
Para conferir a investigação completa, acesse: Agência Lupa
O conteúdo que o Comitê Estratégico de Comunicação (COMEC) passou a publicar periodicamente é baseado em estudos de instituições de ensino reconhecidas internacionalmente, agências checagem de fatos (registradas pelo International Fact-Checking Network) e veículos tradicionais de imprensa que apresentem as fontes das informações transmitidas.
Além dos valores da Postal Saúde (qualidade de serviços; compromisso e respeito com os Beneficiários; ética e transparência nos negócios e responsabilidade pelos resultados), também existem os princípios jornalísticos e o compromisso com a verdade, valorizando as fontes oficiais e orientando a população da melhor forma para o exercício da sua cidadania.