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​Coronavírus: o que significa o alerta da OMS sobre transmissão aérea da covid-19?

Cientistas pedem que autoridades em saúde reconheçam que o coronavírus pode ser transmitido por micropartículas suspensas no ar. Confira a reportagem produzida pela BBC News Brasil

9 de julho de 2020 - Atualizado em 25 de fevereiro de 2021

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu na última terça-feira (7/7) que existe a possibilidade de o coronavírus ser transmitido não apenas por gotículas expelidas por tosse e espirros, mas por partículas microscópicas liberadas por meio da respiração e da fala que ficam em suspensão no ar.

Benedetta Allegranzi, da Unidade Global de Prevenção de Infecções da OMS, afirmou em uma coletiva de imprensa realizada em Genebra, na Suíça, que há estudos que apresentam evidências disso, mas que elas ainda “não são definitivas”.

Segundo Allegranzi, a possibilidade de transmissão aérea do Sars-CoV-2 “é vista especialmente em condições muito específicas, como lugares com muitas pessoas e pouca ventilação”.

Em uma carta aberta publicada no dia anterior, um grupo de 239 cientistas de 32 países havia pedido que a chamada “transmissão por aerossol” fosse reconhecida por autoridades em saúde.

“A maioria das organizações de saúde pública, incluindo Organização Mundial da Saúde, não reconhecem a transmissão pelo ar, exceto para procedimentos geradores de aerossóis realizados em estabelecimentos de saúde”, disseram os pesquisadores.

Risco potencial

Segundo eles, estudos vêm demonstrando “além de qualquer dúvida razoável” que o coronavírus está presente não apenas nas gotículas, mas também nestas micropartículas e que isso representa um risco potencial de uma pessoa ser infectada ao aspirá-las.

Isso pode ocorrer, dizem os cientistas, mesmo quando são seguidas as regras de higiene, como lavar frequentemente as mãos, ou de distanciamento social, ao se manter o afastamento mínimo de 1 ou 2 metros de outra pessoa.

Os cientistas reconhecem que as evidências deste tipo de transmissão são “incompletas”, mas ressaltam que também são incompletas as evidências sobre outras formas de transmissão, como por meio de gotículas ou ao entrar em contato com objetos e superfícies contaminados.

O infectologista Estevão Portela, vice-diretor de serviços clínicos do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, diz à BBC News Brasil que essas evidências ainda não permitem afirmar com 100% de certeza que a transmissão por aerossol ocorre, mas ele diz que isso indica, neste momento, que o melhor é tomar as medidas necessárias para prevenir esse tipo de contágio.

“Ainda há uma margem de dúvida, mas, neste momento, essa dúvida deve ser usada em favor da prevenção”, afirma Portela.

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Foto: 123 RF