A epidemia do tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou, matando cerca de 7 milhões de pessoas por ano. Mais de 6 milhões dessas mortes são o resultado do uso direto do tabaco, enquanto cerca de 1 milhão é o resultado de não fumantes expostos ao fumo passivo. O prejuízo econômico do tabaco gira em torno de US$ 1,4 trilhão.
O Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio, foi adotado desde 1988 pelos países-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem por objetivo aumentar a conscientização sobre o grave problema de saúde pública que a epidemia do tabaco representa e a necessidade urgente de implementar e fortalecer as medidas de controle do tabagismo.
Confira o vídeo que a Postal Saúde preparou para conscientizar os beneficiários sobre as consequências do tabagismo para a saúde:
Em 2020, a campanha global do Dia Mundial Sem Tabaco tem como objetivo conscientizar os jovens sobre táticas de manipulação da indústria, além dos agravantes do tabagismo frente ao novo coronavírus. O uso de produtos de tabaco que contêm nicotina aumenta o risco de câncer, doenças cardiovasculares e pulmonares. Além disso, fumantes podem já ter alguma doença pulmonar ou capacidade pulmonar reduzida, tornando-os mais vulneráveis à Covid-19.
Os dispositivos eletrônicos para fumar (cigarros eletrônicos ou aquecidos) aumentam a exposição das pessoas à nicotina e a várias substâncias tóxicas. Diferente do que propaga a indústria do tabaco, esses produtos geram malefícios à saúde e pode gerar dependência.
Estratégia da indústria
O apelo da indústria ao público jovem fica evidente por meio de estratégias que incentivam o uso de seus produtos. As táticas da indústria, muitas vezes ilegais, desafiando a legislação dos países e prioritariamente dirigidas ao mercado para crianças, jovens e adolescentes incluem:
- Mais de 15.000 sabores para atrair crianças e adolescentes;
- Eventos e festas patrocinadas, que ocorrem ilegalmente;
- Venda casada de produtos, apesar de proibida;
- Investimento no design elegante e sexy das embalagens dos seus produtos;
- Exibição do produto na mídia de entretenimento, usando em filmes e novelas;
- Amostras grátis de produtos, oferecida ilegalmente em grandes eventos, mesmo sendo proibida por lei;
- Exposição de produtos ao nível dos olhos para crianças nos estabelecimentos comerciais, gerando assim curiosidade; Disposição e publicidade de produtos de forma estratégica em pontos de venda.
Desconfie de pesquisas tendenciosas
Na segunda quinzena de abril, veio a público um estudo francês sobre possíveis efeitos protetivos do tabagismo contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2). De acordo com essa pesquisa, realizada com pacientes que testaram positivo para a doença, apenas 5% dos infectados eram fumantes.
O estudo foi duramente criticado por conter vários erros, como a exclusão de pacientes internados na UTI, e por desconsiderar que cerca de 20% dos infectados eram profissionais de saúde com baixa prevalência de tabagismo, entre outras limitações.
O fato é que, baseado nesse artigo, surgiu uma hipótese de que a nicotina protegeria contra a Covid-19 por diminuir a presença do receptor ACE2, usado pelo Sars-CoV-2 para invadir as células da mucosa respiratória. Fato absolutamente não comprovado.
Ainda que a hipótese da ação “positiva” da nicotina fosse confirmada por meio de estudos robustos, sua utilização como forma de prevenir uma possível infecção só seria razoável se feita por meio de medicamentos já disponíveis no mercado, que visam suprimir os sintomas de abstinência no tratamento do tabagismo.
Jamais haveria da classe médica a recomendação para consumo do cigarro ou de seus equivalentes, como cigarro eletrônico, sabidamente nocivos à saúde.
No entanto, o argumento a favor da nicotina parece ser bem questionável, visto que fumantes têm maior risco de infecção pelo vírus influenza (da gripe), além de por outros da família coronavírus, como o Sars e Mers, que usam o mesmo receptor (ACE2) para invadir a células.
Fumantes têm maior risco de infecção pelo novo coronavírus
Uma pesquisa recente realizada na Austrália revelou que fumantes apresentavam concentrações maiores de receptores de ACE2 em comparação com os não fumantes. A diferença aumentava ainda mais quando os tabagistas tinham comprometimento respiratório por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) relacionada ao tabagismo, o que favorece a entrada do vírus no
organismo.
Por isso, muita atenção com as mensagens propagadas pela indústria tabagista, principalmente entre os jovens.
Para saber mais, clique no link abaixo:
https://apsredes.org/sem-tabaco-2020/
Por: Comunicação/Postal Saúde
Fontes: APS REDES (Portal da Inovação na Gestão, ferramenta de gestão do conhecimento desenvolvida pela OPAS/OMS Brasil em parceria com Ministério da Saúde).
Foto: 123 RF