8 de março| “Mulher, viver sem violência é um direito seu”, afirma sócia-fundadora do Instituto Retomar

Nessa entrevista especial, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a advogada Mayla Bezerra Santos fala à Postal Saúde sobre as frentes de atuação do Instituto Retomar, que desde 2020 se dedica ao atendimento de mulheres em situação de vulnerabilidade social, vítimas de violência doméstica e de gênero. Ela destaca a importância de a mulher denunciar o agressor e buscar ajuda de profissionais e de redes de acolhimento para interromper o ciclo de violência.  “Romper esse ciclo não é fácil, mas necessário, pois situações de agressão tendem a se agravar com o tempo”, alerta. Acompanhe a entrevista:

Postal Saúde (PS) – Pode-nos contar um pouco o que motivou a criação do Retomar e a sua atuação nos projetos do Instituto?

Mayla Bezerra (MB) – O Retomar nasceu a partir da vontade de mulheres — que já atuavam juntas em outros projetos de violência doméstica e de gênero — de criar um instituto que desse o tratamento multidisciplinar que o tema exige.

Sabemos que na violência doméstica exige uma atuação muito forte em outras áreas, não apenas a do Direito, para que a mulher possa se reconhecer em um ciclo de violência e, a partir daí, pedir ajuda.

Nosso trabalho é levar informação para meninas e mulheres sobre o tema, além de prestar atendimento e todo o apoio necessário, de forma inteiramente gratuita, àquelas que se reconheçam em um contexto de violência doméstica.

PS – Quais as frentes de atuação do Instituto?

MB – O instituto tem um projeto de conscientização voltado à realização de palestras e roda de conversas em escolas e áreas de extrema vulnerabilidade social, a fim de levar informações sobre a temática e fornecer subsídios a meninas e mulheres que se reconheçam em um ciclo de violência.

Além disso, conta com várias outras frentes. A frente jurídica conta com advogados voluntários para prestar orientação jurídica gratuita às vítimas e acompanhá-las nas audiências de violência doméstica.

A frente da psicologia atua com psicólogos voluntários que realizam alguns atendimentos, on-line e gratuitos, às vítimas que se encontram muito fragilizadas emocionalmente.

A frente da assistência social conta com assistentes sociais voluntários que atuam quando as vítimas se encontram em extrema situação de vulnerabilidade social, e dá informações sobre os benefícios socioassistenciais que elas podem ter acesso.

A frente de arquitetura é um diferencial do Retomar, pois objetiva ressignificar os lares das vítimas — os quais, muitas vezes, foram palco para perpetuação de violências. Assim, nossos arquitetos voluntários utilizam de suas técnicas para promover alguma alteração no lar da vítima e propiciar um ambiente mais harmônico e seguro.

Além das frentes fixas, o Retomar promove, durante o ano, ações pontuais, como as combate à pobreza menstrual. Na nossa última ação, por exemplo, arrecadamos 14 mil absorventes para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade.

PS – Quais os parceiros do Instituto Retomar?

MB –Temos muitos parceiros na Polícia, no Ministério Público, no Judiciário e em outros órgãos, em caso de necessidade de uma atuação conjunta.

PS – De que forma a mulher vítima de violência pode pedir ajuda ao Instituto Retomar?

MB –O Retomar realiza audiências em prol das vítimas no juizado de violência doméstica de São Sebastião, no Distrito Federal. Por isso, muitas vezes as vítimas vêm desse canal. Todavia, também recebemos pedidos de ajuda por nossos canais oficiais.  [confira adiante]

PS – Qual sua mensagem para mulher vítima de violência doméstica e que permanece em silêncio, com medo de denunciar o agressor?

MB – Mulher, viver sem violência é um direito seu, se você se reconhece em uma situação de violência física, psicológica, moral, patrimonial e/ou sexual, saiba que você não está sozinha e existem Institutos como o Retomar prontos para acolhê-la.

A violência doméstica não é um problema individual, mas sim social, sendo que existem leis, medidas e políticas públicas para lhe proteger.

Busque informações e procure ajuda de profissionais. Sabemos que romper o ciclo de violência não é fácil, mas necessário, pois situações de agressão tendem a se agravar com o tempo.

A Lei Maria da Penha tem diversas medidas protetivas de urgência, a fim de resguardar a sua segurança, como por exemplo, o afastamento do agressor do lar e a proibição de aproximação, entre outras. Basta apenas ir à delegacia mais próxima e registrar o Boletim de Ocorrência, solicitando as medidas necessárias para cada caso.

Em caso de emergência, ligue 190. E para denúncias de violência, procure a Delegacia de Atendimento à Mulher ou a Delegacia de Polícia mais perto de você.

E para qualquer orientação adicional, entre em contato com o Retomar por um de nossos meios. Lembre-se, você não está sozinha!

 

Instituto Retomar

Entidade de apoio a mulheres em vulnerabilidade social vítimas de violência doméstica e de gênero

Instagram: @re.tomar

E-mail: retomar.instituto@gmail.com

Site: https://retomarinstituto.wixsite.com/website

 

Leia também:

8 de março | 6 desafios para interromper os ciclos de violência contra a mulher 

8 de março | “É necessário combater os discursos misóginos, pois eles legitimam os agressores”, alerta advogada e ativista social

 


Reportagem: Arlinda Carvalho/Postal Saúde

Foto: Arquivo pessoal

Categories:

Tags: