A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e que pode cursar com formas leves e atípicas até formas graves com elevado número de mortes. Mais comum em áreas rurais, ela tem relação com animais como capivaras, cavalos, vacas e cachorros com carrapatos portadores da bactéria do gênero Rickettsia.

No entanto, de acordo com o infectologista Celso Granato, menos de 1% dos carrapatos são infectados pela bactéria, ou seja, a febre maculosa não ocorre sempre que a pessoa é mordida por um carrapato. Além disso, a doença não pode ser transmitida de ser humano para ser humano.

Causas

A transmissão da febre maculosa é causada por uma picada do carrapato infectado pela bactéria do gênero Rickettsia. Normalmente, os principais vetores são do gênero Amblyomma cajennense, popularmente conhecidos como carrapato-estrela ou micuim.

Entretanto, potencialmente, qualquer espécie de carrapato pode ser reservatório, como por exemplo o carrapato do cão, Rhipicephalus sanguineus. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses.

As capivaras são os principais hospedeiros dos carrapatos, mas é possível encontrá-los também em cavalos, vacas, bois, gambás e coelhos. Cachorros e aves têm participação no ciclo da febre maculosa, uma vez que podem hospedar o carrapato e passar para o humano.

Ser picado por um carrapato, contudo, não dá certeza de que você contraiu a febre maculosa. Além de nem todos estarem infectados, é preciso que fique ao menos quatro horas fixado na pele para transmitir a bactéria. Sendo assim, carrapatos menores e mais jovens são os mais perigosos, uma vez que se tornam mais difíceis de serem percebidos e removidos.

Tipos

No Brasil, há ainda duas espécies de riquétsias, que estão associadas a quadros clínicos diferentes da doença:

– A Rickettsia rickettsii é responsável pela doença grave registrada no norte do Paraná e nos estados da região Sudeste;

A Rickettsia parkeri, cepa Mata Atlântica, tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica, produzindo quadros clínicos menos graves.

Sintomas

Os sintomas da febre maculosa são inespecíficos e podem ser muito parecidos com outras doenças. Os primeiros sinais podem aparecer de dois a 14 dias após a picada do carrapato, sendo mais comuns após sete dias. São eles: febre alta acima de 39ºC,  calafrios, dor de cabeça, dores musculares, dor abdominal, cansaço, perda de apetite, confusão ou outras alterações neurológicas.

Entre o segundo e quinto dia da doença é comum surgirem manchas vermelhas na pele, conhecidas como máculas. Tais erupções cutâneas não coçam e geralmente aparecem inicialmente nos pulsos e tornozelos, podendo se espalhar para outras áreas como as palmas das mãos e as solas dos pés, o que as diferenciam de outras doenças.

Elas podem ainda aumentarem de tamanho e se tornarem mais salientes, tornando-se maculopápulas. No entanto, algumas pessoas que estão infectadas com a febre maculosa não desenvolvem uma erupção cutânea, o que torna o diagnóstico muito mais difícil. Segundo o infectologista Claudio Gonsalez, nos casos graves, é comum a presença de inchaço dos membros inferiores e consequente paralisia,  insuficiência renal aguda, náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia, gangrena nos dedos e orelhas, manifestações pulmonares, como tosse, edema pulmonar com infiltrado alveolar, pneumonia intersticial e derrame pleural,  manifestações hemorrágicas, como petéquias (manchas avermelhadas e pequenas, semelhantes a uma picada de pulga) e sangramento mucocutâneo, digestivo e pulmonar, icterícia e convulsões também podem ocorrer em fase mais avançada da doença.

Diagnóstico

A febre maculosa pode ser muito difícil de diagnosticar já que seus sintomas são similares aos de outras doenças, como leptospirose, dengue, hepatite viral, salmonelose, encefalite, malária e sarampo.  No entanto, além da avaliação clínica, na qual o médico perguntará onde você mora ou se esteve em locais com grandes chances de ter sido picado por um carrapato, ele irá solicitar também uma série de exames que contribuem para o diagnóstico.

Ainda assim, é provável que, até o 10º dia da doença, não sejam encontrados anticorpos nos exames sorológicos. Sendo assim, é indicado que uma segunda amostra seja coletada novamente. Segundo recomendação do Ministério da Saúde, entre 14 e 21 dias após a primeira coleta.

Fatores de risco

Os fatores que podem aumentar o risco de contrair febre maculosa incluem:

-Viver em uma área onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados;
-A época do ano. De acordo com a infectologista Michelle Zicker, entre abril e outubro há mais formas jovens de carrapatos;
– Convivência com cachorro, cavalo ou outros animais domésticos.

Tratamento

Pessoas que desenvolvem febre maculosa evitam complicações se tratadas dentro de até cinco dias após o desenvolvimento dos sintomas. O tratamento precoce com antibióticos reduz significativamente a mortalidade e previne a maioria das complicações.  Uso de antibióticos específicos trata e reduz gravidade da doença.

Tem cura?

Sim. Embora a febre maculosa seja uma doença grave, se o diagnóstico e tratamento forem feitos de forma precoce as chances de complicações são muito menores.

Prevenção

É possível diminuir as chances de contrair febre maculosa tomando algumas precauções, como:

-Usar roupas claras: como o carrapato é escuro, roupas claras ajudam a identificar o parasita;

-Usar calças e blusas com mangas compridas: ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas, use botas, calças compridas enfiadas em meias e camisas de mangas compridas. Tente manter-se em – trilhas e evite andar por arbustos baixos e grama alta;

– Usar repelentes de insetos: atualmente já existem repelentes contra carrapatos no mercado. Certifique-se de seguir as instruções no rótulo. Além disso, roupas que contém permetrina impregnada no tecido são tóxicas para os carrapatos e também podem ser úteis para diminuir o contato com o inseto quando estiver ao ar livre;

– Verificar se você e seus animais de estimação estão com carrapatos: após três horas de exposição a áreas de risco é preciso verificar se há a presença de algum carrapato no corpo. Após esse período, o inseto já terá transmitido a bactéria para a pessoa. Verifique também os animais de estimação que ficam soltos ao ar livre. Alguns carrapatos não são maiores que a cabeça de um alfinete, logo você não conseguirá descobri-los, a menos que tenha muito cuidado.

O que fazer quando for picado por um carrapato?

Se um carrapato infectado se prender à sua pele, é possível contrair febre maculosa ao removê-lo, pois o fluido do carrapato pode entrar no seu corpo através de uma abertura como o local da picada. O risco de infecção pode ser reduzido com medidas para evitar a exposição aos carrapatos. Ao remover um carrapato da sua pele:

-Use uma pinça para agarrar o carrapato e remova-o cuidadosamente, sem apertar ou esmagar o inseto;
-Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em álcool ou jogue no vaso sanitário;
-Limpe a área da mordida com antisséptico (álcool ou água e sabão);
– Lave bem as mãos.

Complicações possíveis

Quando o paciente desenvolve a forma mais grave de febre maculosa, é possível que os vasos sanguíneos sejam danificados, formando coágulos. Isso pode causar:

-Encefalite: além de fortes dores de cabeça, a febre maculosa pode causar inflamação no cérebro, o que pode causar confusão, convulsões e delírio;

– Inflamação do coração ou pulmões: a febre maculosa pode causar inflamação em áreas do coração e dos pulmões. Isso pode levar à insuficiência cardíaca ou insuficiência pulmonar em casos graves;

-Falência renal: os rins filtram os resíduos do sangue e os vasos sanguíneos dentro dos rins são muito pequenos e frágeis. Danos a estes vasos podem eventualmente resultar em insuficiência renal;

-Infecção grave: alguns dos menores vasos sanguíneos estão nos dedos das mãos e dos pés. Se esses vasos não funcionarem adequadamente, o tecido nas extremidades mais distantes pode gangrenar e precisar de amputação;

-Morte: quando não tratada, a febre maculosa pode levar a óbito.


Fonte Site Minha Vida Saúde
Foto: Banco de imagens 123 rf

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